Thursday, July 22

Um problema que se apresenta por vezes em lojas de discos,

é o de saber em que secção se encontra catalogada a música que se procura. E eu nao costumo preocupar-me muito com isso, normalmente há a quem pedir ajuda.

De qualquer forma, a música deixa-se rotular tanto quanto se deixam rotular indivíduos.

Porém, há tempos em conversa surgiu a famosa questão: Onde arrumarias este disco de forma a poder ser o mais bem identificado possível mesmo sem ser ouvido? Atendendo a que se generalizaram os tipos Erudito e Popular, trata-se de saber decidir se um determinado tipo de música se podia inserir na música chamada "contemporânea", ou nalguma classe de música "pop". (Claro que contemporânea é toda a música que se faz actualmente, mas todos tem, bem ou mal, adoptado esta designação para o caso específico da música erudita).
E agora? Como definir? Quais são as diferenças assim tão óbvias entre música erudita ou não? Quais os critérios? (já para não dizer que a música não é erudita - nem deixa de o ser - qualquer que seja!) .

Como racionalizar algo que se quer menos de razão que de coração?

Mas aquilo ficou-me (uma vez mais) na mente.
Que música pode ser apelidada de popular?
A que emprega formas de construção mais simples, utilizando o ritmo ou ritmos de uma forma repetitiva e que normalmente obedecem a um determinado padrão tradicionalmente instituido; um carácter mais livre ou até improvisatório, liberdade total de interpretação; utilização de escalas modais, ritmos harmónicos simplificados e próximos da tonalidade central, implicando uma linguagem essencialmente tonal (ou modal) ; para ser muito breve.

E para mim, música erudita pode ser tudo aquilo. ( tudo aquilo e mais. toda a música.)
Possui talvez mais variedade formal, rítmica, melódica, donde talvez uma maior preocupação com a profundidade e o rigor.
Tem tendência a explorar uma vasta gama de sistemas harmónicos e inarmónicos (ou enarmónicos) ; tonais, modais e seriais, dodecafónicos ou não. Por vezes, vários simultaneamente.
Pode ser escrita, passada para o papel de uma forma esquemática. Pode ser anotada e, sem grande dificuldade para quem conheça os códigos, ser interpretada respeitando um mínimo de fidelidade para com a vontade de quem a escreveu.

Por vezes joga com o silêncio outras com o ruído, abstracta ou descritivamente.
Por vezes joga com as memórias e outras ainda com o futuro. Joga quase sempre com o que sentimos.

Continuo a pensar que a forma de catalogação é defeituosa e fruto espontâneo da necessidade de rotular e de separar coisas que não se podem separar.









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