Sunday, April 4

Tenho a certeza que a maioria das pessoas, por causa do desinteresse cada vez maior na música dita erudita e pela perda - ou não cultivo - do hábito de ir ouvir concertos, não se apercebe das dificuldades enormes que tem um músico para encontrar um posto de trabalho digno em que possa verdadeiramente exercer a sua arte, e não apenas limitar-se - como é o caso dos professores de música (eu própria) - fazer aumentar cada vez mais o número de músicos desempregados de alto e baixo nível profissional (que se tornam nos actuais freelancers e em mais professores de música ainda.). Estes, pelo melhor ou pior, inflaccionam o mercado de trabalho em todo o mundo e geram a necessidade de uma migração constante resultante numa verdadeira promiscuidade de nacionalidades e culturas no seio das orquestras. (Claro que esta promiscuidade pode até ser considerada uma das consequências mais interessantes dessa crise generalizada.)
É então comum ver-se um leque variadíssimo de nacionalidades entre os concorrentes para um determinado lugar. Na quinta-feira, porém, foi com espanto que conheci dois japoneses residentes na Alemanha, que viajaram até Portugal só para tentar a sorte num concurso para um mero lugar de "reforço". E apesar da grande quantidade e qualidade dos concorrentes portugueses, um deles ainda conseguiu ficar na lista!...