Thursday, February 24
Wednesday, February 23
* ... a não ser que a música não pertença mesmo ao ser humano...
... Humm... já suspeitava....
... Humm... já suspeitava....
Monday, February 21
Wednesday, February 16
Tuesday, February 15
Havia um senhor, mestre de uma banda filarmónica que dizia:
"um músico é tanto melhor, quão melhor conseguir aldrabar".
Hoje sei que essa visão é muito simplista e até romântica, na altura fez-me muita confusão.
Hoje sei que essa visão é muito simplista e até romântica, na altura fez-me muita confusão.
Mas afinal ainda hoje me encontro apoiada numa práctica que descende desse princípio. De tentar ajustar dificuldades técnicas no discurso, de forma a que estas consigam, ao meu ouvido, tornar-se inaudíveis para os ouvidos de quem me escuta. Tento aproveitar ao máximo o desiquilíbrio, tornar agradável a anomalia.
E é desta forma que consigo ultrapassar dificuldades extremas que, por vezes, apenas com demasiado tempo de maturação - anos até - desaparecem.
Sob esta óptica, a forma que dou a certas frases dependerá directamente da dificuldade pontual. Sem a dificuldade, a interpretação seria diferente, evidentemente. Mas seria ela melhor? Não estaria a fomentar a monotonia na leitura do texto musical? Afinal, até há quem defenda que o próprio rubato romântico deriva (do carácter) das exigências virtuosísticas da escrita da época...
Calculo que o estatuto de génio se atinja, quando toda e qualquer música possa ser tocada sem qualquer espécie de limitação ou inibidor musical; quando toda e qualquer inflexão dependa unicamente da escolha de determinado momento e não represente por vezes a única escapatória para fazer compreender uma determinada sucessão de notas.
E é desta forma que consigo ultrapassar dificuldades extremas que, por vezes, apenas com demasiado tempo de maturação - anos até - desaparecem.
Sob esta óptica, a forma que dou a certas frases dependerá directamente da dificuldade pontual. Sem a dificuldade, a interpretação seria diferente, evidentemente. Mas seria ela melhor? Não estaria a fomentar a monotonia na leitura do texto musical? Afinal, até há quem defenda que o próprio rubato romântico deriva (do carácter) das exigências virtuosísticas da escrita da época...
Calculo que o estatuto de génio se atinja, quando toda e qualquer música possa ser tocada sem qualquer espécie de limitação ou inibidor musical; quando toda e qualquer inflexão dependa unicamente da escolha de determinado momento e não represente por vezes a única escapatória para fazer compreender uma determinada sucessão de notas.
Mas se a música pertence ao ser humano, de onde virão as referências para essa grande pulsação dos sons, quando tudo o que são referências históricas e culturais remetem furiosamente para o tudo o que é organismo e biologia?
Sunday, February 13
Pouca Terra
Faço viagens hebdomadárias de combóio para Tomar. Não levava o carro nem que me pagassem.
É uma curta viagem de 2 horas no serviço regional da C.P. que saboreio com prazer junto à janela com um livro nos joelhos ou a dormir ou os dois e vice versa.
O combóio é confortável. Tem novas carruagens com ar condicionado. (Claro que quase nem valia a pena dizer, porque todos são unânimes, que as velhas eram mais bonitas e etc.)
Mas aqui existem melhoramentos consideráveis, como muito especialmente nas casas-de-banho.
Do que quero falar, porém, é de um outro melhoramento. A implantação de "altifalantes" (que não se avariam nunca) em transmissão contínua de música erudita.
Talvez a ideia seja a de apaziguar ânimos e prevenir vandalismos, como li que se começa a fazer um pouco pela C.E.
A música clássica acalma?...talvez...
Só é pena que a gravação seja sempre a mesma, e isto desde há mais de um ano, altura em que terei sido pela primeira vez utente destas novíssimas composições, porque começo francamente a ficar enjoada de algumas das mais belas obras da música ocidental:
Diversos andamentos de sinfonias de Beethoven, o "Moldavia" de Smetana, algumas das "Variações Enigma" de Elgar, "Till Eulenspiegel" de R. Strauss, enfim, uma estranha e eclética recolha avulsa, que apesar de tudo demonstra piedade por parte do d.j., no sentido em que nos poupa de "Avés Marias" e valsinhas de outros "Strausses", apresentando obras desconhecidas, à partida, do grande público ou das grandes massas melhor dizendo.
A intensão era certamente a melhor. (E o resultado podia ser melhor ainda porque o princípio resulta.)
O que é certo é que, num período inferior a três meses, o concerto para 2 violinos de J.S.Bach passou de "uma das mais belas obras" a "vómito" e até cheguei ao ponto de passar a levar headphones para poder ter uma viagem normal sem sofrer de ouvir aquele que passou a ser um contraponto enjoativo... lamentavelmente.
Quantas vezes já, me apeteceu arrancar violentamente as tais colunas de som para parar de uma vez por todas com as calúnias.
Faço viagens hebdomadárias de combóio para Tomar. Não levava o carro nem que me pagassem.
É uma curta viagem de 2 horas no serviço regional da C.P. que saboreio com prazer junto à janela com um livro nos joelhos ou a dormir ou os dois e vice versa.
O combóio é confortável. Tem novas carruagens com ar condicionado. (Claro que quase nem valia a pena dizer, porque todos são unânimes, que as velhas eram mais bonitas e etc.)
Mas aqui existem melhoramentos consideráveis, como muito especialmente nas casas-de-banho.
Do que quero falar, porém, é de um outro melhoramento. A implantação de "altifalantes" (que não se avariam nunca) em transmissão contínua de música erudita.
Talvez a ideia seja a de apaziguar ânimos e prevenir vandalismos, como li que se começa a fazer um pouco pela C.E.
A música clássica acalma?...talvez...
Só é pena que a gravação seja sempre a mesma, e isto desde há mais de um ano, altura em que terei sido pela primeira vez utente destas novíssimas composições, porque começo francamente a ficar enjoada de algumas das mais belas obras da música ocidental:
Diversos andamentos de sinfonias de Beethoven, o "Moldavia" de Smetana, algumas das "Variações Enigma" de Elgar, "Till Eulenspiegel" de R. Strauss, enfim, uma estranha e eclética recolha avulsa, que apesar de tudo demonstra piedade por parte do d.j., no sentido em que nos poupa de "Avés Marias" e valsinhas de outros "Strausses", apresentando obras desconhecidas, à partida, do grande público ou das grandes massas melhor dizendo.
A intensão era certamente a melhor. (E o resultado podia ser melhor ainda porque o princípio resulta.)
O que é certo é que, num período inferior a três meses, o concerto para 2 violinos de J.S.Bach passou de "uma das mais belas obras" a "vómito" e até cheguei ao ponto de passar a levar headphones para poder ter uma viagem normal sem sofrer de ouvir aquele que passou a ser um contraponto enjoativo... lamentavelmente.
Quantas vezes já, me apeteceu arrancar violentamente as tais colunas de som para parar de uma vez por todas com as calúnias.
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Wednesday, February 9
quatro
Apercebi-me, com o tempo, de que afinal esta maneira de respirar pode ser algo intuitivo, algo como um impulso muscular involuntário. Como o desembocar lógico do trabalho de velocidade na respiração.
Apercebi-me que ao tentar encurtar o tempo de interrupção do som, a tendência era de o suprir completamente. Não deixar de soprar para poder inspirar, ou seja, expirar e inspirar ao mesmo tempo, ou melhor ainda: soprar e inspirar simultâneamente.
Apercebi-me, com o tempo, de que afinal esta maneira de respirar pode ser algo intuitivo, algo como um impulso muscular involuntário. Como o desembocar lógico do trabalho de velocidade na respiração.
Apercebi-me que ao tentar encurtar o tempo de interrupção do som, a tendência era de o suprir completamente. Não deixar de soprar para poder inspirar, ou seja, expirar e inspirar ao mesmo tempo, ou melhor ainda: soprar e inspirar simultâneamente.
Dei por mim, nesse momento, a fazê-lo automáticamente.
Dei por mim a atingir então, inconscientemente, um mecanismo que já conhecia mas não comprendia até às últimas consequências.
A compreensão deveu-se portanto ao facto de ter cumprido o caminho inverso na aprendisagem da realização do movimento.
Reinvenção.