Sunday, February 13

Pouca Terra

Faço viagens hebdomadárias de combóio para Tomar. Não levava o carro nem que me pagassem.
É uma curta viagem de 2 horas no serviço regional da C.P. que saboreio com prazer junto à janela com um livro nos joelhos ou a dormir ou os dois e vice versa.
O combóio é confortável. Tem novas carruagens com ar condicionado. (Claro que quase nem valia a pena dizer, porque todos são unânimes, que as velhas eram mais bonitas e etc.)
Mas aqui existem melhoramentos consideráveis, como muito especialmente nas casas-de-banho.
Do que quero falar, porém, é de um outro melhoramento. A implantação de "altifalantes" (que não se avariam nunca) em transmissão contínua de música erudita.

Talvez a ideia seja a de apaziguar ânimos e prevenir vandalismos, como li que se começa a fazer um pouco pela C.E.
A música clássica acalma?...talvez...

Só é pena que a gravação seja sempre a mesma, e isto desde há mais de um ano, altura em que terei sido pela primeira vez utente destas novíssimas composições, porque começo francamente a ficar enjoada de algumas das mais belas obras da música ocidental:
Diversos andamentos de sinfonias de Beethoven, o "Moldavia" de Smetana, algumas das "Variações Enigma" de Elgar, "Till Eulenspiegel" de R. Strauss, enfim, uma estranha e eclética recolha avulsa, que apesar de tudo demonstra piedade por parte do d.j., no sentido em que nos poupa de "Avés Marias" e valsinhas de outros "Strausses", apresentando obras desconhecidas, à partida, do grande público ou das grandes massas melhor dizendo.
A intensão era certamente a melhor. (E o resultado podia ser melhor ainda porque o princípio resulta.)

O que é certo é que, num período inferior a três meses, o concerto para 2 violinos de J.S.Bach passou de "uma das mais belas obras" a "vómito" e até cheguei ao ponto de passar a levar headphones para poder ter uma viagem normal sem sofrer de ouvir aquele que passou a ser um contraponto enjoativo... lamentavelmente.

Quantas vezes já, me apeteceu arrancar violentamente as tais colunas de som para parar de uma vez por todas com as calúnias.
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