Thursday, January 15

Esta noite tive um pesadelo que me fez acordar angunstiada:

Estava num ensaio de uma orquestra que tinha uma organizacao espacial um tanto ou quanto estranha, pois nao me recordo de ver nenhum violino ou corda, mas apenas o maestro, imediatamente de pé à minha frente, sentada que estava na primeira fila.
Comeca o ensaio, e eis que se trata de tocar uma determinada obra - creio que uma Abertura - cuja parte (partitura individual) nao se encontra na minha estante....panico. Nao tenho outra hipotese que de comunicar ao maestro que nao a tenho, e que por isso nao poderei tocar.

Vejo-o esbracejar e crescer a minha frente até que a sua imagem ocupa todo o meu campo de visao.

Nisto o terror é tanto, que viro a cabeca na direccao dos colegas das filas de tras e constato, por meio de um aceno, que a dita parte se encontra em poder de um deles - um fagotista que muito respeito, de resto, na realidade.

Compreendo que tudo isto tera sido uma partida, uma brincadeirazinha do meu colega. Mas a constatacao so agrava mais as coisas no sentido em que o maestro parece, sem ter conhecimento da minha inocencia, cada vez mais furibundo (nao tenho a certeza mas quer-me bem parecer que se trata do Sr. Zilm!...)

Durante o intervalo do ensaio, apodero-me de uma partitura do dito colega, de forma a faze-lo provar do mesmo prato e sentir também ele na pele, a ira do chefe contrariado; Mas eis que o sujeito tinha consigo uma segunda copia, de segurança, e que a orquestra prossegue, sem que justica seja feita, a segunda parte do ensaio.

Acordo e apercebo-me da moral da historia: levar sempre para o ensaio as copias de estudo das obras, e sobretudo nao as deixar ? vista de ninguém!!....

Thursday, January 8

Dez da manhã

"Esvaio-me para dentro de tí numa súplica
e tu implacável de prata serena e fria.
Serpente de encantar.
Enquanto eu me confundo no espaço,
tu permaneces inalterável de horizontalidade...
Envolves-me do som do sangue latejante
como o rebentar de milhares de ondas de muitas marés.

Grão da tua côr

meu metrónomo de Amor
Apertado é o beijo
longo
que contigo me dou

A minha língua aflora os meus lábios mornos
e o ódio que te tenho escorre
líquido:
essência de meu sêr, de todas a mais pura.
És depositório de ilusões, amores perdidos
meu confessionário de derrotas, gestos e sombras

E a tua Voz será sempre
minha
e tua."
...10h da manhã...11h...12...vira o disco e toca o mesmo...

Saturday, January 3

mas já agora gostaria de saber porque é que os Directores Artísticos insistem em tocar J. Strauss e manter a tradição Vienense...Que têm os Austríacos mais a ver com a passagem do ano do que os outros?
Afinal de contas já ninguém dança ao som dessa música, e ao contrário de ser mais bem apreciada pela repetição (feitiço fácil do ouvido), peca justamente pelo enjôo do sempiterno compasso a três partes...

é bom saber...

que há coisas que conseguem ser ainda mais constantes que a programação T.V. durante o período das festas. E são elas os programas das orquestras nos Concertos de Ano Novo por esse mundo fora.
(Penso no entanto que essa dita constância não terá nada que ver com o facto de dar descanso técnico aos pobres músicos, que ainda por cima se veem obrigados a vestir fraque e casaca enquanto a maioria da população ainda destila a noitada com o quarto ou quinto sono!.... )